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Alimentação na Perimenopausa: Nutrindo Corpo e Alma com a Sabedoria do Ayurveda

  • Foto do escritor: Naradeva Shala
    Naradeva Shala
  • 28 de jul.
  • 5 min de leitura

Atualizado: 1 de ago.

Por Sabrina Alves


A perimenopausa é um convite do corpo para uma profunda travessia. Durante esse período, somos confrontadas com uma série de transformações – algumas visíveis, que se manifestam na pele e no cabelo; outras, mais sutis, que se revelam nos ritmos internos. E, no cerne dessas mudanças, está nossa relação com o alimento. De repente, a digestão se altera, os desejos alimentares parecem dançar uma nova melodia, o apetite oscila como as marés, e a energia se manifesta em fluxos e refluxos.


Para o Ayurveda, alimentação (ahara) transcende a mera nutrição física. Ela se torna um elo vivo com o tempo, uma conexão íntima com a Terra que nos nutre, uma dança com nossas emoções e, sobretudo, um profundo gesto de vínculo consigo mesma. Comer, nessa perspectiva, é um ato de presença, um ritual sagrado de autoconexão, que na perimenopausa pode se revelar como um dos mais potentes caminhos de acolhimento.

Alimentação para Perimenopausa
Alimentação para Perimenopausa

Por Que Adaptar a Alimentação Neste Ciclo Vital?

A perimenopausa é um portal de transição que nos insere, gradualmente, na regência do Vāta doṣa – o princípio da leveza, da secura e do frio. Essa ascensão natural de Vāta impacta diretamente nosso agni, o sagrado fogo digestivo que transforma o alimento em vida.

Quando o agni oscila sob a influência de Vāta, o corpo começa a sinalizar:

  • A digestão pode se tornar mais lenta, caprichosa e irregular, como um rio que perde sua fluidez.

  • Inchaços, gases e constipação podem surgir, indicando um trânsito que perdeu a leveza.

  • A fome aparece em horários inesperados, sem um padrão lógico, desafiando nossas rotinas.

  • O desejo por alimentos doces ou crocantes pode se intensificar, buscando um contraponto à secura e à instabilidade de Vāta.

  • Uma sensação de "peso" pode persistir, mesmo comendo pouco, como se o corpo lutasse para processar.

O Ayurveda, com sua sabedoria milenar, nos orienta: para nutrir Vāta e fortalecer o agni nesse período, precisamos convidar para o prato alimentos que tragam calor, umidade, suavidade e regularidade. São essas qualidades que harmonizam o vento e enraízam o corpo.

Princípios Gerais Para Comer Bem na Perimenopausa: Uma Dança de Opostos

A arte da nutrição ayurvédica reside no equilíbrio, e para Vāta, a resposta está em oferecer o seu oposto:

  • Abrace o Quente e o Úmido: Dê preferência a sopas aconchegantes, ensopados nutritivos, legumes cozidos no vapor e arroz temperado com especiarias. Coma com gratidão, evitando o excesso de alimentos crus e frios, que podem agravar a frieza de Vāta.

  • Convide Boas Gorduras Naturais: O Ghee, o azeite de oliva extravirgem, o óleo de coco e o óleo de babaçu são elixires para essa fase. Eles lubrificam os tecidos internos, suavizam o trânsito intestinal e nutrem a secura que Vāta pode trazer.

  • Estabeleça Horários Regulares para Comer: A regularidade é um bálsamo para Vāta. Comer em horários consistentes ajuda a estabilizar o agni e acalmar o sistema nervoso. Alimente-se com consciência, longe de distrações, transformando cada refeição em um momento sagrado.

  • Desperte o Fogo Digestivo com Especiarias: Gengibre, cúrcuma, cominho, coentro e erva-doce são como pequenos sóis para o seu agni. Elas aquecem, protegem e potencializam a capacidade do corpo de absorver nutrientes, além de acalmar a mente.

  • Modere os Estimulantes: Café, álcool e açúcar refinado, embora tentadores, podem desorganizar os ritmos naturais do corpo e intensificar ainda mais o desequilíbrio de Vāta, contribuindo para a ansiedade e a instabilidade.

Alimentos Que Acolhem: Uma Galeria de “Abraços Digestivos”

Existem preparos que são verdadeiros abraços para o sistema digestivo na perimenopausa, alimentos que nutrem e acalmam:

  • Arroz integral ou semi-polido cozido com ghee e uma pitada de especiarias quentes.

  • Legumes da terra como abóbora, batata-doce e cenoura, sempre cozidos até ficarem macios.

  • Mingaus cremosos de aveia ou painço, adoçados naturalmente e enriquecidos com especiarias doces como cardamomo e canela.

  • Caldos ricos e nutritivos, seja de ossos (para quem consome) ou de legumes como cebola, salsão e inhame, que trazem vitalidade e calor.

  • Chás digestivos e calmantes, como o Tulasi (manjericão sagrado), gengibre suave, erva-doce e camomila.

Receita Simples: Khićarī Reconfortante

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O Khićarī é um prato clássico do Ayurveda, um abraço em forma de alimento, perfeito para momentos de transição e para dias em que o corpo clama por um colo.

Ingredientes:

  • ½ xícara de arroz branco ou semi-integral

  • ½ xícara de lentilha vermelha ou feijão mungo

  • 1 colher de sopa de ghee

  • 1 pitada de cúrcuma, cominho em pó e gengibre fresco ralado

  • 1 pitada de sal marinho

  • Água suficiente para formar uma papa macia

  • Legumes da estação picados, como abobrinha, abóbora ou chuchu

Modo de preparo:

  1. Em uma panela, refogue delicadamente as especiarias no ghee até liberarem seus aromas.

  2. Adicione o arroz e a lentilha (ou feijão mungo) previamente lavados e os legumes picados.

  3. Cubra com água e cozinhe em fogo baixo até que todos os ingredientes estejam bem macios e o prato tenha uma consistência de papa.

  4. Sirva morno, finalizando com um punhado de coentro fresco picado e um fio de ghee.

Este prato é não só leve e digestivo, mas também profundamente fortalecedor e calmante, um convite ao bem-estar.


Comer Também é Escutar

Na perimenopausa, a relação com a alimentação transcende a rigidez de "seguir uma dieta". É um chamado para ouvir o corpo com novos ouvidos, com uma sensibilidade ampliada. Nem sempre a fome virá no mesmo horário, nem sempre o apetite seguirá uma lógica previsível.

Às vezes, comer é, antes de tudo, acolher o que estamos atravessando. É fazer de cada garfada, de cada gole, um ritual silencioso de reconexão, uma celebração da vida que pulsa e se transforma.


Comer é sadhana, ou seja, meditação ativa. Voltaremos a falar mais sobre a criação de sdhanas para o dia-a-dia.


Fontes de Estudo e Referência:

  • Lad, Vasant. Ayurveda: A Ciência da Auto-Cura. Editora Ground, 2004.

  • Tiwari, Maya. Ayurveda: A Life of Balance. Inner Traditions, 1995.

  • Pole, Sebastian. Ayurvedic Medicine: The Principles of Traditional Practice. Singing Dragon, 2006.

Sabrina Alves é jornalista, escritora, terapeuta ayurvédica com mais de 18 anos de atuação, Doutora e Mestre em Ciência da Religião pela PUC/SP, especializada em gênero e decolonialidade nos textos clássicos do Ayurveda. Oferece cursos, consultorias e atendimentos personalizados voltados à perimenopausa e menopausa.


Pronta para Mergulhar na Sua Jornada com o Ayurveda?

Se a sabedoria ancestral do Ayurveda parece que lhe fará bem, e se sente a necessidade a aprofundar sua travessia na perimenopausa ou em qualquer outro ciclo da vida com um suporte verdadeiramente individualizado, uma orientação individualizada poderá lhe trazer a compreensão necessária.


Os atendimentos são um espaço seguro para você desvendar os sinais do seu corpo, alinhar sua rotina e redescobrir sua potência, com base nos princípios milenares que compartilhamos.


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